Ressonância Magnética em Equinos em Estação

Escrito por: Bruna Siqueira (Parceria Revista +Equina)

O sistema de ressonância magnética (RM) de baixo campo é projetado para exames com cavalos em estação. O membro é posicionado no magneto e ajustado de acordo com a área de interesse. As imagens resultantes permitem a detecção de alterações nos tecidos moles e nos ossos semelhantes às detectadas usando magnetos convencionais maiores. As imagens podem ser obtidas desde o casco às articulações do carpo ou tarso. As maiores vantagens de realizar a RM com o animal em estação é diminuir o custo e os riscos da anestesia geral.

As três principais substâncias detectadas pela RM incluem fluidos (fluido articular e edema), tecido rico em água (músculo e cartilagem) e gordura (encontrada na medula óssea). A RM pode detectar alterações nesses componentes devido a inflamação, hematomas, fraturas ou cicatrizes. As imagens são coletadas em finas “fatias” (3 a 5mm), o que permite o diagnóstico de lesões bem pequenas.

A RM tem sido usada para detectar lesões nos tendões, ligamentos das articulações interfalangeanas, articulação metacarpofalangeana, jarrete e carpo, ligamento suspensório, osso subcondral, cartilagem, fraturas, lâminas do casco, bursa do navicular, osso navicular e ligamento ímpar.

Figura 1: Membro do cavalo posicionado no centro do
magneto com a coil posicionada em torno da região do boleto.

Uma das características mais valiosas da RM é a capacidade de detectar inflamações ósseas. Tanto o fluido (por exemplo, edema ósseo) quanto a esclerose (aumento da densidade óssea), assim como contusões ósseas, infecção, dano subcondral devido a doença articular e remodelação óssea, podem ser visualizados antes de serem evidentes ou até mesmo impossíveis de serem visualizadas nas outras modalidades de imagem.

Figura 2: Área hiperintensa no côndilo lateral sugestiva de pré-
fratura.

Embora alterações na mineralização óssea possam ser detectadas com radiografia, esses processos levam tempo e alterações na densidade óssea podem não ser evidentes no início da inflamação aguda. A esclerose óssea com remodelamento em cavalos atletas jovens permite a detecção precoce de lesão óssea antes do aparecimento de fraturas por estresse nas radiografias. Alterações no osso subcondral são frequentemente concomitantes a danos na cartilagem e podem ser um indicador precoce de doença articular ou degenerativa.

Figura 3: esclerose severa no aspecto dorso medial do osso
central do tarso direito com pequena área de reabsorção óssea.
Esse padrão de estresse encontrado em cavalos de esporte pode
predispor a uma fratura por estresse nessa região.

Já a ultrassonografia é uma técnica muito eficaz para detectar alterações na estrutura dos tecidos moles, mas nem sempre é possível detectar evidências precoces de inflamação ou discriminar entre tecido fibroso e inflamação ativa.

É importante observar que a RM não substitui outros métodos de diagnóstico por imagem, mas é usada quando esses métodos não produzem um diagnóstico definitivo. A RM não é uma ferramenta de triagem; uma avaliação completa da claudicação inclui os bloqueios perineurais para localizar a região da lesão e, em seguida, radiografias e/ou ultrassonografias para procurar uma causa. À medida que os médicos se tornam mais capazes de distinguir doenças específicas com a RM, seu valor no prognóstico, sem dúvida, aumentará.